13 de setembro de 2008

MENOS O MEU

Tua poesia cai pelas ladeiras
Foge pelos ralos
Some na poeira que ficou nos pés

Tu com tuas palavras lânguidas
pareces querer me seduzir
Mas teus olhos fugidios
miram o horizonte e quase tudo,
menos os meus.

Teus beijos estão em todos os cantos
Premiam bocas outras
Menos a minha

E eu me diluo nessa ilusão
Sôfrega, densa, e muito própria.
Eu não só não tenho a ti
Como perdi a mim mesmo

Não te rimo mais
Nem te verso, nem te proso
Quero a sua desgraça
Longe de mim, assim como pretendes estar.

Terás assim muitas outras bocas
Outros corpos, outros sonhos
Menos os meus.