31 de dezembro de 2008

Poema para esquecer.

Para os sonhos e pesadelos
há um orifício racional
onde o soldo da grande glória
e os resquícios dos deméritos
são registros de memória.

O que grava tua retina
é um vídeo-tape obrigatório
pois a maquina se despluga
mas o cérebro irredutível.
revê o que nunca muda.

Para esquecer é preciso sonhar
vislumbrar aquele novo horizonte
sem receio de alcançar
a sua própria água vital
e descansar numa só fonte.

Para esquecer é preciso ser escritor
e não escrivão de sua vida
tem de merecer a superação.
ao invés de deitar na lividez
procurando a memória já morrida

De morte matada...

30 de dezembro de 2008

ENTRECÍLIOS

Esse olhar que fuzila
a pele de mormaço
rarefeita e tranqüila
desperta num estardalhaço

Esse olhar que cintila
cometa pelo espaço
e meu olho assimila
mas só enxerga o pedaço

Desse olhar que desfila
Passarelas passo a passo
Por um momento vacila
E o descaminho perfaço

Que o calor da tua pupila
desperte o desembaraço
Desse peito que oscila
Entre o teu e o descompasso

Penetras minh’alma.