25 de novembro de 2009

A POÉTICA

Poesia
Que um dia eu pairo
Como quem pare
Aquela criança vazia
De pudores mundanos

Poesia
Sinestésica e asséptica
Lavada do parto
Que agora se principia
Despojada de mim há anos

Poesia
Insolente por nascença
Cabida no sacro andor
Pela visão que analgesia
O sangue em mim jorrando

Poesia
Anacrônica e indecisa
Vivida com toda dor
Pelos monstros que anistia
Com o seu caráter profano

Poesia, tu és meu mal

22 de novembro de 2009

TRANSCENDENTAL

A noite é só nossa
Enquanto formos sonhos
Enquanto o sol não vem
Despertar o repouso

Destes nossos corpos
Que flutuam risonhos
Num céu de lascívia
Que termina num gozo

Que começa de novo
Na noite que transponho
Os limites da carícia
No teu corpo delicioso

Delícia dessa vida
vivida entre fronhas
Aonde somos um no outro
num silêncio escandaloso

No corpo
o sexo d’alma

12 de novembro de 2009

TE CHEIRO

Roubei de uma flor
o doce delicado perfume
Pra ressentir o seu odor
meu como de costume

Venerei como num andor
você que agora assume
a alegria por me ver compor
sua escultura sobre o cume

Esse é nosso jardim em cor
onde a vida brota imune
às tempestades de temor
caídas do céu em negrume

Mostra-me o seu amor
que o destino agora une
duas vidas no olor
da flor do seu perfume

me cheire de seu.