30 de março de 2008

DESSONHO

Queria ser leviano
Ao menos de vez em quando
dedilhar um sonho feliz
tal qual se toca um piano

E te falar sinceridades
cantá-las como um soprano
e fazer o mundo saber
o quanto “eu te amo”

Mas não posso, pois
com a vaidade me engano
e o orgulho amordaça
esse sentimento insano

Por que não me tratas de "amor"?
Foges desse intimo desatino
fatal para qualquer ser humano
de se perceber se apaixonando

Permita-me te ver jogar
com minha vida em dados
e num azar te ver ganhar
o meu coração suburbano

Me faça teu...

20 de março de 2008

CLAREVIDÊNCIA

Me faltam palavras
Sobre tua lindeza brilhante
Calada e falante
Eterna por um instante.

Me faltam adjetivos
Sobre essa tua simetria
De luz da cor do dia
Que agora me alumia

Me falta também o ar
Para cheirar do teu perfume
Que meu sentido já presume
Ser o teu como costume

Me falta a proximidade
Te encontrar na tua cidade
E por fim
Te olhar
Venerar
Admirar
O teu ar respirar.


Ofegante.

12 de março de 2008

...pelas noites

Qualquer devaneio
já me satisfaz
Imagino teu seio
na minha mão fugaz

Qualquer receio
reprime o desejo
desse rosto no meio
do cheiro que apraz

Sou um amador
na luz da solidão
Sinto o frio do calor
Do prazer na minha mão

Nesse sonho creio
fugir assim, assaz
das noites de devaneio
quando a dor se refaz

Sou um teclador
das noites sem fim
Com olhos vidrados
esperando teu Sim

Adormeço de esperar

7 de março de 2008

CLICHÊ

Eu não te conheço
nem sei das tuas rodas
não preciso te esquecer
nem lembrar-me do teu tato

Tua voz me é estranha
Que horas tu acordas?
Pra que santo tu rezas?
Qual demônio do teu pacto?

Não precisas responder
Já não me interessa
Eu me viro muito bem sem saber.

Nunca fizeste mal, nem bem
Não fedes nem cheiras
Eu me preencho com o vazio
Da tua ausência benfazeja

A distância é quase um detalhe
que nos afasta como queiras
Prometo não atormentar
Tua flor, que assim o seja.

Ilusão, um clichê