Pele de anjo
Esconde um fogo insano
Queima a quem olha
Engole a quem toca
Louros agudos
Amargos soturnos
Inversos encarnados
Revelam o escárnio da tua
Alva pele,
Pela fria
Sutil morte da pele viva
De súbito arrebata
O sonho mórbido
É tão só um álibi
Cravado em madeira
Numa nua verdade derradeira
Alva pele,
Maculada pelo sangue
Lacerada pela dor
Mil navalhas de aço cintilam
O láscio é a dádiva
Apenas um privilégio
Provisório e eterno.
Ultimo e primário.
Em seus braços nus
As marcas do meu ódio
E seus seios bonitos balançam sem vida.
Os olhos baços e cinzentos
Fitam-me acusadores:
- O que você fez de mim, meu amor?
Arranco-os.
O colo em calor
O solo em louvor
Úmido e quente
Pesado e denso.
Entro e saio, sem de lá me retirar.
A minha parte que coloco em ti
Já não é só sua.
E para sempre será.
Alva pele,
Pele fria.
Era tua.
Agora é minha.
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