_Irmãos e irmãs, hoje estamos reunidos nessa celebração em nome de Nossa Senhora da Glória, para demonstrarmos todo o nosso amor e devoção não apenas à nossa padroeira, mas também para com toda nossa cidade, nossa cultura, nossa terra. Essa festa possui uma significância retumbante em nossa comunidade. É aqui, nesse momento, que nós demonstramos todo o nosso apego, nossas carícias para com as raízes que nos deram a gênese. É exatamente sobre isto que pretendo falar nessa minha retórica. Quero falar sobre o amor. O amor incondicional, o amor que pode vir disfarçado em várias formas, que não tem regras e nem exceções. O amor aos vivos, aos que já nos deixaram e aos que nem sequer possuem vida. Somos todos vítimas e privilegiados pelo amor. Jesus Cristo nos ensinou o que era o amor. Ele sim nos amou com toda a sua vida e todo o seu flagelado coração. Pois, baseado nos ensinamentos de Cristo, quero vos dizer que toda espécie de amor é nobre, seja qual for, seja como for. Nossas vidas são entremeadas e calcadas em atitudes passionais. Não há nada mais forte e que consiga mover o ser humano do que o amor. O amor ao trabalho que nos faz sair de casa muito cedo para a labuta, o amor aos nossos filhos que nos faz enfrentar os ossos que o ofício nos trás, o amor ao dinheiro que, infelizmente, pode nos corromper e nos prostituir. Por fim, o amor ao próximo, carnal e apaixonado que nos leva a atitudes insensatas e cegas. Cristo nos ensinou o amor dadivoso e incondicional. Pois saibam que o ser humano comum não suporta uma situação assim. Somos egoístas, egocêntricos. Precisamos amar, mas, sobretudo, ser amados e, de preferência, com a mesma intensidade. Somos fracos, indefesos e, infelizmente, gananciosos. Não permitimos que nada, em absoluto, atravesse o caminho dos nossos desejos, nossos sonhos. Por isso, nesse momento, gostaria que todos abaixassem suas cabeças e, silenciosamente, suplicassem a Deus, aos anjos-da-guarda, a Nossa Senhora que nos dêem força, muita força para superarmos todas as tentações pelas quais o amor nos subjuga. E peçamos perdão, não a Deus – pois Ele é misericordioso – mas sim aos nossos irmãos e a toda humanidade pelos pecados que, por ventura, viemos a cometer em nome do amor. Por mais que o motivo seja nobre, seja justificável, mas se nós já machucamos alguém, se já fizemos alguém sofrer por amor, peçamos perdão do fundo da alma.
Momento de silêncio profundo. Todos os presentes se mantiveram com a cabeça dobrada e os olhos fechados num momento de introspecção. O bispo Dom Belchior aparentemente cochilava. O Padre Doutor retoma a palavra.
_ Minha mensagem final é uma única: Amem, amem com todas as forças de seu coração, pois estamos nesse mundo com uma missão específica, a de amar e ser amado. Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo.
_ Para sempre seja louvado. – responderam todos em coro.Almeida,Paulo César. A Sete Palmos. 2005.
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