9 de novembro de 2008

VIL METAL

Preciso de tempo
Preciso de dinheiro
Ou o dinheiro que precisa
do meu tempo o tempo inteiro?

Vende-se meu dia
de sol alvissareiro
pelo mínimo que se consiga
viver nesse viveiro

Preciso de tempo
Preciso o tempo inteiro
desse metal vil e impreciso
pra sair do cativeiro

Meu sangue agora é seu
e leve grátis o derradeiro
suor que do rosto pinga,
a aguardente e o travesseiro

Preciso de tempo
Preciso de fevereiro
onde há o pão e o circo
e me mascaro aventureiro

Uma esmolinha, por favor...

ROUPA NUA

Essa desmesura
da tua pintura
rutila teu olho
nesta suave moldura

Mas pretendo tua pele
Nessa fina brancura
Tocar bem de leve
E sentir tua textura

Quero teu olhar nu
Como é pura tua jura
De amar-me a alma e o corpo,
com a mesma doçura

Vista-te de ti mesma
Entrega-me com loucura
Teus sonhos, teu sexo
E cura minhas agruras

O que a vida já desatou
O destino agora costura
O sonho que posso olhar
Nesse olho agora sem pintura

Borrou-se no suor...