25 de abril de 2010

A INTERMITÊNCIA

A vida é um intervalo
Entre um choro e um suspiro
Proferido quando calo
A voz do canto que admiro

O que há entre o abalo
Do regaço d’onde me retiro
E o leito feito um ralo
Por onde escorro e expiro?

Há sonhos, amores, atalhos
Por onde corro e transpiro
Pelos poros e pêlos grisalhos
Que pela experiência eu adquiro

Agora que enxergo o halo
Dessa luz que daqui miro
Despeço-me num estalo
E minhas pernas aqui estiro

Breve vida
Longo adeus!

2 comentários:

  1. Nesse seu poema não há um limiar entre o triste e o belo! Ambos se confundem nas palavras tão perfeitamente escolhidas...

    Glückwunsch!

    ResponderExcluir
  2. Me lembrou um pouco de Alphonsus de Guimarães, palavras tristes que inexplicavelmente possam soar tão belas, tão gostosas de se ler e de se ouvir. Que belo dom, PC! Continue nos proporcionando essas boas emoções que sentimos quando entramos no teu blog.

    :*

    ResponderExcluir