27 de janeiro de 2004

NOME DE RUA

Falei ontem aqui, nesse mesmo espaço, á respeito de um momento glorioso da vida durante o cortejo fúnebre. Os homens parecem querer a cada dia seus momentos de eternização mesmo que seja depois da morte. Pois ontem, no Teatro Sesi-Minas o que houve foi a glória ainda em vida. Com todos os whiskis e salgadinhos que merecem.
Nessa noite, a gloria tratou de desumanizar o fabuloso Alex, um dos grandes craques que o nosso futebol já produziu. Não se trata de um gênio, mas é, sem duvida, uma sumidade. A consagração pública realmente desumaniza qualquer homem. Torna ele em um busto na praça, um nome de rua. E não há nada mais degradante e sofrível do que se tornar uma rua. Logradouro somente para pisantes, carros e, até mesmo, amantes.
Alex, nesse caso, não se tornou um nome de rua, pelo menos por enquanto. Mas seus feitos no último ano o empalhou no museu do imaginário coletivo. Seus gols, seus passes teleguiados, tudo de uma plástica excêntrica.
Mas seu personagem veste calções, chuteiras e camisas. O terno nada mais é que uma satisfação para com os escultores de seu busto, que estará em breve nas praças da paixão de um povo, nas placas das esquinas mal sinalizadas.
O homem quando se torna nome de rua põe em prova sua condição de humano vivo. O céu só é feito para os anjos, os homens são sumariamente expulsos. Como os indisciplinados no futebol.

PAULO CÉSAR ALMEIDA

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