Qualquer devaneio é pertinente na concretude dessa terra inóspita. A natureza morta dessas esquinas tem cores frias cinzas na escala mais neutra. Por que tu? Responda-me, por que tu e não vós? Confunde-me essa conjugação com verbos no pretérito imperfeito futuro do presente. Que eu faça, que eu ame, se tu me fosses, se eles me abandonassem. Eu não respondo por que não quero, por que não convêm, por que não sei. Não me ofenda, nem me acosse. Quando eu te toco, faço carinho em mim mesmo. Adoro sentir seus pelos finos e descoloridos do teu dorso branco se arrepiarem quando pressentem o calor dos meus calos. Divirjo desse seu tesão. Para mim é tudo automático piloto que segue pelas vielas escondidas, pelas esquinas da tua anatomia curva. Meu prazer é ver teus olhos lacrimejarem dolorosos ao me sentir no abandono. Sou mastro ensejo e fim. Aquele escuro som de águas jorrando de sua flor em pêlos é meu antídoto para as agruras desses maus dias. Mal ou mau. É só calcular bem ou bom. Maldita língua que me confunde. Prefiro usa-la para enxerir no seu âmago, explorar cada obturação, submergi-la em mares tépidos e sagrados. Apraz-me o cheiro prendo a respiração. Abro os olhos e vejo a mata silva. Falo a tua língua. Faço falo minha língua. Sei o que te entendo, devoro tua seiva, morro minha cabeça tosando o manso regaço. Salvo-me, amarro-te, ignoro-me a mim mesmo. Sou eu agora em ti, dois que se confundem num, regados pela prata luz da lua. Cada palavra que profiro a ti vem da língua que te açoita e te faz gozar como fêmea simples e absoluta. Ditadura desses falsos moralistas. Essas letras que se reunem, lembram nossa alcova. Uma palavra é um sexo grupal e seu sentido é um orgasmo de profundos léxicos e semânticos.
Cuspo no teu rosto. É a palavra que mal conjugo. Maldita língua que te açoita.
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